Eu creio num Deus.
Em ABBÁ, como acreditava Jesus.
Eu creio que o Todo-poderoso,
criador do céu e da terra, é como a minha mãe e posso confiar n’Ele.
Creio-o porque assim o vi em Jesus, que Se sentia Filho.
Eu creio que Abbá não está longe mas próximo, ao lado, dentro de mim.
Creio sentir o seu Alento como uma brisa suave que me anima e me torna mais fácil o meu caminhar.
Creio que Jesus, muito mais que um homem é enviado, mensageiro.
Creio que as suas palavras são palavras de Abbá.
Creio que as suas acções são mensagem de Abbá.
Creio que posso chamar a Jesus a Palavra presente entre nós.
Eu só acredito num Deus, que é Pai, Palavra e Vento, porque creio em Jesus, o Filho, o homem cheio do Espírito de Abbá.
José Enrique Galarreta

Testemunho:

A propósito da visita de Bento XVI a Portugal
Aproveito a visita do Papa Bento XVI a Portugal, para reflectir sobre este tema do entusiasmo, que certamente será um dos sentimentos mais presentes nos fiéis católicos em Portugal, depois destes dias tão marcantes. Entusiasmo tem a sua origem nas palavras gregas en (dentro) theos (Deus), e pode-se traduzir com a ideia de "ter Deus dentro de si". Isto significa aquela força interior que nos acende e nos motiva, que nasce de uma sintonia criada com algum aspecto que nos faça orientar a nossa acção de um modo que nos empenha completamente.
Foi um privilégio, acompanhar de perto alguns dos momentos da visita do Santo Padre, senti a profunda comoção transmitida no rosto de Bento XVI e nos milhares de pessoas que o recebiam. Era uma pura expressão da fé e do desejo de esperança que movia o coração dos portugueses. Isso notava-se claramente. A fé transformou-se numa enorme festa!
O que mais me tocou foi a sua afabilidade e, sobretudo, a profundidade das suas palavras. É impossível não ficar preso às suas palavras do início ao fim dos seus discursos. O Papa deixou ao país e à Igreja portuguesa motivos de sobra para reflectir e sobretudo para inflectir; ou para renovar a forma de ser Cristão no mundo moderno, afirmando: «a nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós».
Em ano Sacerdotal, na celebração das oração de vésperas com os sacerdotes, religiosos, seminaristas e diáconos, o Papa convidou-nos ao caminho da fidelidade e nele a sermos livres, «livres para ser santos, livres para ser pobres, castos e obedientes; livres para todos…», referiu dificuldades, consequentes das exigências do ministério sacerdotal, mas sobretudo, apontou caminhos, alicerçados na: «…coragem e confiança, mas o Senhor quer também que saibais unir as vossas forças…», que desafiante convite, para nós padres, a que vivamos em profunda solidariedade, entre nós e com todos os membros do Corpo de Cristo.
É natural que o entusiasmo fosse o sentimento mais central destes dias. Ninguém, mesmo os mais cépticos, terão ficado indiferentes à surpresa desta recepção ao Papa. Especialmente quando, da parte de tantos sectores da sociedade e de alguma comunicação social, se procurava perturbar, desde há vários meses, o ambiente da sua visita, aproveitando a difícil situação que vive a Igreja nestes tempos. Esta situação dos escândalos e da descristianização crescente da Europa produz uma profunda dor, e um sentimento de desânimo, perguntando-nos como será o futuro da Igreja no nosso país e no mundo. Porém, esta visita, trouxe a todos esperança e um convite à purificação e, conversão interior, à qual o Papa se referiu na entrevista que deu no avião a caminho de Portugal.
Deste modo, a conversão que marcou o início da sua visita, não pode estar separada do entusiasmo que marcou o seu fim. Converter-se é orientar o coração para um caminho interior, em direcção à verdade e autenticidade do Amor. Só vivendo profundamente a experiência de saber o que é essencial nas nossas vidas, nos dá a força e o espírito de orientar a vida, em todos os seus aspectos, para concretizar algo grande e bonito, sermos realmente «lugares de beleza». É este o entusiasmo que vivemos nestes dias e que nos desafia a continuar, como cristãos convertidos ao Amor, mais Igreja.
Iniciada sob o signo da Esperança e pretendendo ser uma proposta de sabedoria e de missão, esta visita terminaria sob esse mesmo signo quando ao despedir-se de Portugal, Bento XVI disse: «Continuemos a caminhar na Esperança! Adeus!»